sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

  Memórias da Fundação de Portugal


 Narciso Machado

(juiz desembargador jubilado)

 


 No passado dia 11 de dezembro de 2021, foi lançado, publicamente, o meu livro com o título “Memórias da Fundação de Portugal”, com prefácio do Presidente da Direção da Ordem Afonsina, Dr. Florentino Cardoso, onde são abordados vários temas relacionados com o período da Fundação de Portugal.

As pesquisas que tenho desenvolvido nos últimos anos, para fundamentar a criação do “Dia da Fundação de Portugal”, encontram-se alicerçadas em vários estudos credíveis e documentais. E na divergência entre as fontes narrativas e as documentais, sempre foi dado maior crédito às fontes documentais, oferecendo, de forma o mais clara e rigorosa possível, um melhor esclarecimento dos leitores.

Com vista à celebração das comemorações centenárias de 2028, além de envolver toda a comunidade portuguesa, importa promover também a participação da CPLP e da Galiza nessas celebrações, pelas razões que, sumariamente, passo a enumerar.

a) - A participação da CPLP

 Recorde-se que, se D. Afonso Henriques perdesse a Batalha de S. Mamede, é muito provável que hoje estivéssemos a falar o galego ou espanhol. Assim, com a derrota das tropas galegas, atualmente a língua portuguesa é falada por 265 milhões de pessoas, sendo a 4ª mais falada. Deste modo, a lusofonia justifica a participação da CPLP nas comemorações centenárias de 2028.

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) é formada por 9 países e 270 milhões de pessoas, tendo como objetivo principal o aprofundamento da amizade mútua e de cooperação entre os seus membros nos domínios social, cultural e económico, bem como na elaboração de programas de cooperação, de projetos e ações pontuais.

A XIV Reunião Ordinária do Conselho da CPLP criou o dia 5 de maio como “Dia da Língua Portuguesa e da Cultura”, data confirmada, em novembro de 2019, pela UNESCO.

De todos os membros da CPLP, o que tem merecido maior controvérsia é, sem duvida, a Guiné Equatorial que sendo membro desde 2014 ainda está por cumprir os pressupostos que deveriam ser exigidos antes da sua adesão. O ensino do português é muito residual e a pena de morte ainda não está formalmente abolida, continuando a distanciar-se dos valores consagrados na carta fundadora da Organização, pelo que a saída da Organização seria a decisão mais correta.

b) - Quanto à participação da Galiza

Quem devia fazer parte da CPLP, em vez da Guiné Equatorial, é a Galiza. Alguns autores, apoiados na tradicional corrente científica de grandes filólogos e romanistas defendem ser o galego e o português dois dialetos do mesmo idioma, pelo que preconizam o seu ingresso na CPLP.

  O Partido Socialista da Galiza, em programas eleitorais, já defendeu a entrada na CPLP com o “estatuto de observador”, assumindo o “compromisso explícito e vinculativo”, de modo a “impulsionar as relações políticas e económicas com a lusofonia”. Na altura, alguns socialistas portugueses mostraram-se favoráveis à ideia. 

Espera-se que, com a publicação do referido livro, se inicie um movimento tendo em vista as comemorações centenárias de 2028. Com efeito, os temas abordados são um oportuno roteiro a seguir nessa caminhada.

 Será ainda uma iniciativa importante, para a afirmação da comunidade vimaranense, que a Assembleia Municipal, mediante proposta do Executivo camarário, tome posição sobre a matéria, proclamando, ainda que localmente, o dia 24 de Junho “Dia da Fundação de Portugal”, de modo a ser celebrado já no próximo ano. Caso tal aconteça será o ponto de partida para o reconhecimento a nível nacional.